6 de setembro de 2014

Claros Sinais de Loucura. de Karen Harrington.


Sarah Nelson tem 12 anos, mas não é uma criança tão comum quanto as outras: quando tinha dois anos, sua mãe — que sofre de um distúrbio mental — tentou afogá-la junto com seu irmão gêmeo. Simon, o irmão, não resistiu e morreu; porém, Sarah conseguiu sobreviver e agora vive com seu pai, que é professor, e há anos não vê sua mãe, a qual mora em um hospital psiquiátrico. Por causa de tantos problemas, o pai dela tornou-se alcoólatra, e isso a incomoda profundamente. Além de que vive procurando claros sinais de loucura no seu dia-a-dia, pois acredita que o "gene da loucura" passou de sua mãe, Jane, para ela.
“É isso o que sou. Uma cripta de segredos. Eles se agitam dentro do meu peito como pássaros engaiolados que querem fugir, mas têm medo de voar.”
Antes das férias de verão, o professor passa para os alunos o desafio de escrever cartas para alguém ou um personagem de algum livro. Ciente de que a maioria escolheria Harry Potter, ela passa a escrever para Atticus Finch, o advogado de O sol é para todos. Além de seu novo confidente, Atticus, ela também tem dois diários (um verdadeiro, que esconde muito bem, e um falso, para o caso de encontrarem) e Planta, sua... planta. 



Aliás, tem uma coleção de "palavras-problema" — as quais descobriu que podem trazer algum transtorno uma vez que são mencionadas — e palavras favoritas — sendo estas apresentadas para o leitor com seu devido significado. Tudo isso porque, afinal, ela adora palavras, escrita e leitura; algo com que me identifiquei bastante. Ela e sua amiga, Lisa, apostaram que ganhariam seus primeiros beijos de língua exatamente nestas férias, o que deixa a garota ainda mais apreensiva para esse momento tão marcante na vida de qualquer pré-adolescente.
"Uma coisa que me lembro com certeza é: ela disse que, se eu amar alguém quando mais estiver precisando me sentir amada, bem, aí vai chover tanto amor em mim que eu vou poder mergulhar."
Porém, Sarah também traz consigo algumas mágoas que nos apresenta ao longo do livro, sendo duas delas as mais relevantes — a primeira: nunca soube nada sobre sua mãe além das poucas coisas que o pai fala ou o que ouve nos jornais. A segunda: seu pai parece insensível, afastado, apático. Apesar de já carregar alguns problemas e um cérebro cheio de perguntas que ela mesma tem de responder, Sarah está em um processo de crescimento, amadurecimento, mudanças e busca pelo conhecimento.



A simplicidade do livro pode até deixá-lo até bem comum, pois a autora explora o dia-a-dia da protagonista, as descobertas e registra o que se para pela cabeça dela. Mas, ao terminar a leitura, conseguimos notar que a personagem realmente passou por mudanças e nós, leitores, acompanhamos tão de perto que nem chegamos a perceber a não ser no final, quando ela também percebe. (Ok, sem spoilers!) 


“Descobri que é preciso escolher ter coragem todos os dias, como se escolhe a camisa que vai vestir. Não é automático.”

Não é o tipo de livro que vai mudar sua vida, no entanto, vai trazer uma visão nova pelo menos em algum dos aspectos explorados. Karen Harrington conseguiu retratar em Sarah os problemas que a fase acarreta, de uma maneira leve e nova. De leitura fácil, é um livro com lições bonitas e admiráveis envolvidas em bom humor, sinceridade e aprendizagem. Com certeza vale a pena conhecer Sarah Nelson e a busca pelos seus claros sinais de loucura!


Título: Claros Sinais de Loucura
Título original: Sure Signs of Crazy
Autora: Karen Harrington
Editora: Intrínseca
Páginas: 256
Avaliação: 4/5

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