Nosferatu, de Joe Hill.

Victoria McQueen tem um misterioso dom: por meio de uma ponte no bosque perto de sua casa, ela consegue chegar de bicicleta a qualquer lugar no mundo e encontrar coisas perdidas. Vic mantém segredo sobre essa sua estranha capacidade, pois sabe que ninguém acreditaria. Ela própria não entende muito bem. 

Charles Talent Manx também tem um dom especial. Seu Rolls-Royce lhe permite levar crianças para passear por vias ocultas que conduzem a um tenebroso parque de diversões: a Terra do Natal. A viagem pela autoestrada da perversa imaginação de Charlie transforma seus preciosos passageiros, deixando-os tão aterrorizantes quanto seu aparente benfeitor. 

E chega então o dia em que Vic sai atrás de encrenca... e acaba encontrando Charlie. 

Elogiado pela TIME como um dos melhores livros de 2013, um review de Neil Gaiman na capa, é assim que Nosferatu de Joe Hill chegou ao público brasileiro, regado de críticas positivas por muitos jornais estrangeiros. E, claro, mereceu todos os elogios.

Nosferatu foi um livro que me cativou pela premissa, de certa forma, doentia. Essa história de dons "normais" me lembrou muito "O oceano no fim do caminho, do Neil Gaiman". Porém, esse superou minhas expectativas. 

Nosferatu tem um misto de: suspense, terror, e bom humor. Chega a ser engraçado, eu empregar bom humor e terror na mesma linha, mas é a verdade. Existe um personagem no livro, o Bing que tornou a história hilária, ele se torna tão bobão, devoto, e irritante ao lado de Charles que deu um toque especial a narrativa. 

Charles e Victoria são personagens, assim como os outros, muito bem construídos. Acho que foi muito legal da parte de Hill mostrar o inicio da estória, ou seja, quando ela conheceu seu dom, quando passou a usá-lo, isso deu uma nova perspectiva ao leitor, de se aprofundar realmente na narrativa.

Hill usa muitos artifícios de suspense em Nosferatu, os "..." nos fim do capítulo, as bombásticas revelações no fim dos mesmos. Foram coisas que tornaram a narrativa eletrizante, e foi impossível largar o livro nas últimas 300 páginas. Assim que terminamos, refletimos muita coisa, e uma delas é: como o livro foi bem construído. 

Ele consegue colocar detalhes nas falas dos personagens, nas características de cada um, sem repetir, sem exagerar na dosagem de loucura de alguns. E um fato interessante que achei magnífico foi ele dar ao leitor, diferentes visões da mesma cena. Um exemplo: tem duas pessoas falando ao celular: um capítulo termina com a visão de uma pessoa, o outro começa com os acontecimentos da pessoa que ela estava falando, a mesma cena, as mesmas falas. Foi essencial isso.

A narrativa de Nosferatu é brilhante. Joe consegue descrever cada detalhe com genialidade, principalmente, sobre Manx. Esse homem conseguiu descrever seu personagem com uma precisão, uma dosagem de horror que chega a dar arrepios só de imaginar.

Nosferatu foi um livro que me surpreendeu de uma forma inigualável. De personagens a ambientação, foi digno de palmas. Preciso dizer que recomendo? Para os fãs de terror, mais do que recomendado. Venham viajar pelas loucuras de Manx e Victoria (o convite já foi dado, como tá na foto aí em cima, rs).

Titulo: Nosferatu.

Título Original: NOS4A2.

Autor: Joe Hill.

Editora: Arqueiro (2014).

Páginas: 624.

Classificação: 5/5