A garota que tinha medo, de Breno Melo

Marina encontra-se em um dos momentos mais esperados pela maioria dos concluintes do ensino médio: a aprovação no vestibular. A pressão que a família exerce sobre ela gera cobrança e uma necessidade enorme de alcançar sua meta, maior do que a normal, se assim podemos dizer. Entre estudar por horas e horas sem parar, agradar a mãe e vez ou outra fumar um cigarro, Marina - sobrecarregada e estressada - acaba conhecendo Júlio, um garoto com quem conversava há meses na Internet e que morava no mesmo condomínio que ela.

"Tenho medo de tudo, especialmente do desconhecido."

Meses depois, ao finalmente conseguir a aprovação na maioria dos vestibulares aos quais se submeteu e entrar para Jornalismo, tudo parecia estar mais tranquilo em sua vida. Errado. Preparando-se para sair com o namorado, uma situação estranhamente inesperada acontece - uma crise do pânico. Dificuldade na respiração, medo, gritos, batimentos acelerados; inúmeros sintomas que constroem esses trinta minutos de puro pavor experimentados por Marina.

"Na longa estrada do amor, que pode ser alegre ou triste, ninguém retorna do meio do caminho. Ninguém dá meia volta. Sempre vamos até o fim, por vontade própria ou à revelia."

A abordagem do livro me lembra a de Garota, Interrompida, pois ambos tratam, entre outras coisas, de doenças psicológicas. No caso de A garota que tinha medo, acompanhamos o impacto que a síndrome do pâncio causou no dia-a-dia da protagonista e todo o processo de superação. As crises foram bem relatadas, assim como as metáforas e histórias que faziam sempre alusão à vida de Marina - como a história bíblica de Jó -, o que achei muito conveniente da parte do autor.

"Quem supera seus medos é mais corajoso que aquele que nunca os teve ou jamais os enfrentou."

A estória não me surpreendeu como esperava, ficando até estável em alguns momentos, porém, tais pontos foram um tanto compensados porque o final me agradou. Acompanhamos, de fato, todas as fases: antes, durante e depois; ou seja, os anos conturbados da personagem, com alguns momentos tanto no tratamento como na vida pessoal que poderiam ser mais explorados, no entanto, nada que prejudique o decorrer da narrativa. 

Para quem aprecia o tema e até já leu livros como Garota, Interrompida (citado anteriormente e já adaptado ao cinema), indico A garota que tinha medo, que segue uma linha semelhante e vai deixar-lhes interessados pela estória de Marina.

Título: A garota que tinha medo.
Autor: Breno Melo.
Editora: Chiado.
Páginas: 276.
Avaliação: 3/5.