Ganhador do Pulitzer 2015, Toda Luz Que Não Podemos Ver chega ao Brasil com muitas recomendações e críticas positivas. Com um enorme diferencial, dois narradores, e uma escrita impecável, Doerr tece um livro incrível sobre os efeitos da Segunda Guerra em lugares diferentes. Não é nenhum dúvida de que livros da Segunda Guerra tem um crédito especial pra mim, tanto é que já tivemos até especial aqui (clique aqui). E não poderia deixar passar esse.
"A ciência, meu rapaz, é constituída com erros, mas são erros úteis, porque levam, pouco a pouco, até a verdade."
Com capítulos curtos de Marie-Laure e Werner, vamos acompanhar duas visões de sobrevivência nesse estágio de caos da nossa história. Marie-Laure é uma garota cega, mas muito inteligente. Mora com o pai, o chaveiro de um museu da França — mas a Guerra faz com quê esse laço se rompa e ela terá que ser mais corajosa do que pensa. Werner é orfão, alemão, mora com sua irmã e várias outras crianças que perderam seus pais. Com uma incrível habilidade de operar rádios e aparelhos eletrônicos, é selecionado para estudar na Escola Nazista e servir ao país em diversas missões.
Não basta ter um tema impressionante, o autor apresenta uma escrita memorável e muito interessante: mesclando o passado, o presente e o futuro, observamos a evolução dos personagens e da guerra de uma forma bem íntima, se assim pode dizer. É como um quebra cabeça, e a medida que lemos, as peças vão sendo juntadas e entendidas. Fico imaginando o desafio que é desenvolver (e bem) os protagonistas nesse jogo de tempo.
Uma das grandes surpresas foi encontrar capítulos tão curtos. A narração é feita em paralelo: um capítulo de Marie, outro de Werner. Isso dá uma noção ao leitor das diferentes visões da guerra e consegue passar como realmente foi aquele momento. No livro há trecho de cartas confiscadas e a caracterização do ambiente, da guerra em si foi impecável.
Não é um leitura rápida, já que são mais de 500 páginas, mas a escrita do autor é tão rápida e conquistadora que é completamente devorável. Werner foi um personagem que me surprendeu por me mostrar como os alemães eram, suas atitudes, e como o nazismo afetou a vida das pessoas por um lado do agressor. Geralmente lemos livros, no estilo, de vítimas narrando — mas Anthony usou o contrário e com maestria.
"A criança nasce, e o mundo se apossa dela. Arrancando coisas dela, alojando coisas nela. Cada porção de comida, cada particula de luz entrando no olho — o corpo nunca pode ser puro".
Ele não só deu um embasamento histórico a estória, mas humano. Já imaginou ler sobre física e não ficar nem um pouco entendiado? É o que acontece com a leitura. Conseguimos sentir cada insegurança, medo e vitória dos dois jovens. É como se nós fossemos transportados para as limitações de Marie-Laure e sua deficiência visual, para os desafios de Werner com os aparelhos eletrônicos. Até mesmo os personagens secundários são de extrema importância para a trama, nada é colocado no enredo sem um propósito.
Quando terminamos, ficamos com um sentimento de dever cumprido. Muito bem intitulado, muito bem pensado e planejado, é uma daquelas leituras obrigatórias para qualquer leitor. Leria pela capa, pela história, pelo tema, pelo título, leria infinitas vezes.
Título: Toda luz que não podemos ver.Título Original: All the Light We Cannot See.Autor: Anthony Doerr.Editora: Intrínseca (2015).Páginas: 528.Compre aqui.
Ítalo, você quer me falir com essas resenhas maravilhosamente bem escritas?
ResponderExcluirEu queria ler esse livro, claro, mas depois de te visitar, eu PRECISO lê-lo hahaha
Louca por ele...
Beijos
Meu Meio Devaneio
Oiiii
ResponderExcluirLi algumas resenhas negativas desse livro, acabei ficando com o pé atras. Já que não é uma leitura rápida no momento eu tô com muita coisa acumulada, quem sabe depois eu acabe dando o braço a torcer.
Beijos!
Cintia
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