Eu sou a lenda, de Richard Matheson, é um clássico da ficção científica lançado, dessa vez, pelas talentosas mãos da Editora Aleph. Tendo sido uma das grandes influências para Stephen King, o livro me despertava um interesse macabro: conhecer o horror da literatura clássica.
A premissa é simples, daquelas que você não dá quase nada pra expectativa, mas ela te surpreende nas primeiras páginas. Inspirando o filme, de mesmo nome e estrelado por Will Smith, o livro retrata a história de uma impiedosa praga que assola o mundo, transformando cada doente em algo digno de pesadelos: vampiros.
Nesse cenário turbulento e com um toque de sangue, incorporamos um cenário apocalíptico a vida de Robert Neville, um homem que pode ser o último sobrevivente desse caos. Com vampiros sedentos de sangue e agindo nas sombras, nosso protagonista terá que lutar muito para sobreviver no livro de Matheson.
Uma baita surpresa. É assim que descreveria minha situação com "Eu sou a lenda". Surpresa por não esperar uma elaboração científica e psicológica para a história, surpresa pelo modo como ele trabalhou, e agora com entendimento da afirmação de King, o horror. Não é apenas uma história baseada no medo, angústia e solidão de Neville, mas uma história onde mostra que os vilões não são apenas os vampiros que rodeiam sua casa.
"Neville começou a pensar em outra coisa: era perigoso ter esperança. Esse era um clichê que ele já havia aceitado há tempos".
O autor me surpreendeu nesse quesito: em mostrar que o caos e o mundo apocalíptico estava na situação, pela praga, mas também nos conflitos interiores e psicológicos que advém disso, trazendo um lado humano a história. Isso demostra a preocupação que ele teve com a estruturação da narrativa. No fim do livro, como quase todos os livros da editora, há um extra incrível: uma análise biocultural por Mathias Clasen que nos faz admirar ainda mais essa insana história.
A preocupação em tornar tudo tão real foi um ponto forte na narrativa. Muitas das explicações e estudos que nosso protagonista faz para entender a praga são acompanhados de detalhes, esses científicos, que fazem jus a livros de biologia e conceitos que estudamos lá no ensino médio. Em uma entrevista, presente no fim do livro, ele relata que revisava esses conceitos com médicos e especialistas para que não houvesse furos ou dúvidas.
"Então, antes de a ciência ser arrebatada pela lenda, a lenda engoliu a ciência e todo o resto".
Em suma, é um livro extremamente arquitetado. Foi uma leitura que me conquistou a cada página e se mostrou merecedor da titulação de clássico da ficção. Introduzindo um apocalipse fundamentado e pensado nos mínimos detalhes, "Eu sou a lenda" faz jus ao nome e torna-se uma lendária e obrigatória leitura para os amantes do horror.
Título: Eu sou a lenda.Título Original: I am legend.Autor: Richard Matheson.Editora: Aleph (2015).Páginas: 386.
Eu também gostei de "Eu Sou a Lenda", principalmente pelo enfoque psicológico da situação...a angústia desse homem. Mas sabe que não achei nada de aterrorizaste nele? Não o classificaria como um livro de horror.
ResponderExcluirComo não amar as edições da Aleph e seus materiais extras, não é mesmo?
Beijos,
alemdacontracapa.blogspot.com
Oi, Mariana! Tudo bom?
ExcluirEu adorei o livro também, principalmente por esse lado que você falou: o lado psicológico dos personagens. Eu também concordo que não um grande horror, mas acredito que pra época, tenha sido bem repercutido por causa da situação apocalíptica.
As edições da Aleph são incríveis, não?
Beijos,
Italo.