2 de janeiro de 2016

EU SOBREVIVI AO HOLOCAUSTO, DE NANETTE BLITZ KONIG



Sempre me interessei muito por livros sobre o tema e relatos acerca da Segunda Guerra Mundial. Graças a um vídeo que assisti no canal da Bel Rodrigues, li Eu sobrevivi ao Holocausto, um relato emocionante de uma sobrevivente, de uma pessoa que passou por todos aqueles momentos e hoje está viva para contar a história e fazer com que nós conheçamos de perto o que verdadeiramente aconteceu.

Nanette, uma garota judia holandesa, teve a vida transformada a partir de 1940, quando Hitler invadiu a Holanda com a Força Aérea alemã. Os judeus foram pouco a pouco sendo excluídos de atividades costumeiras da sociedade, pois não podiam mais frequentar certos espaços da cidade, lugares declarados proibidos para eles. Dali em diante, tudo só pioraria. Em 1943, então, Nanette, seu irmão e seus pais foram capturados pelos nazistas, tirados de casa com poucos pertences e levados a Westerbork, campo de transição.

"O que sentir nesse momento, além de medo? Não há outra sensação que eu me recorde de conviver tanto nesse período; o medo havia se tornado o meu melhor amigo."

Os judeus ficariam naquele campo até serem enviados para os campos de concentração, criados com o intuito de exterminar todos eles. Nanette conta sobre a tensão vivida ali, uma vez que, toda semana, nomes eram chamados para serem enviados aos outros campos — os mais temidos. Se as condições já não eram as melhores ali, em outro lugar só poderiam piorar; e é exatamente isso o que acontece.


Quanto mais a autora narrava os acontecimentos terríveis que presenciou, mais eu conhecia um lado nu e cru do Holocausto, coisas que apenas quem testemunhou tamanha crueldade pode nos mostrar. Em meio a tudo isso, Nanette menciona o momento inesquecível em que encontrou sua amiga e colega de classe do Liceu Judaico, Anne Frank.

Emocionante, porém este é um adjetivo que também caracteriza todo o livro. Mexe com o leitor, abre nossos olhos e nos faz refletir muito sobre a vida, sobre humanidade, liberdade e até que ponto pode chegar a maldade do ser humano. Há páginas com fotos da autora, de sua família e seus colegas, além de algumas de Bergen-Belsen — onde ela ficou, explicações e um mapa completo indicando campos. Um dos melhores livros que li e, devo dizer, essencial, pois a história deixa marcas que jamais serão esquecidas e que precisam ser apresentadas a todos.

"Nem sempre o que nos acontece vai ser agradável ou reconfortante e, no entanto, são esses desafios que nos fazem mais fortes e preparados para o amanhã."

Sabemos que cerca de 6 milhões de judeus foram mortos durante a Segunda Guerra (sem contar com outras minorias também perseguidas pelos nazistas), mas ler algumas dessas mortes, as condições desumanas que levaram a este fim e as marcas físicas e psicológicas que os sobreviventes levam consigo é comovente demais. Sem dúvidas indicado, e gostaria que ainda muitas pessoas viessem a ler este relato e conhecer mais sobre o que aconteceu no passado, para que assim possamos evitar tantas atrocidades no presente e no futuro.



Outros quotes:
"Hoje olho para trás e não consigo imaginar algo mais grotesco do que essa cena: famílias reunindo os poucos pertences que ainda mantinham para seguir rumo à morte. Que tipo de humanidade seria essa?"
"Eram muito corajosos para assassinar outras pessoas e nos xingar de nomes como 'vermes nojentos', mas não eram corajosos o suficiente para aguentar as consequências de suas ações." 

Título: Eu sobrevivi ao Holocausto.
Autora: Nanette Blitz Konig.
Editora: Universo dos Livros (2015).
Páginas: 190.

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